segunda-feira, junho 05, 2006

Não Priem Cânico! (é apenas um morto)

Sensacional a festinha FAROFA que rolou no Lucid Bar sexta passada. A galera compareceu em massa para dançar até o local fechar as portas. Primeiras duas horas de som, esse que vos escreve; nas duas finais, DJ Ellen arregaçando. Igor Induztria Capibaribe aniversariou e fotografou. Ah, você não foi? Toda a primeira sexta-feira do mês você terá a chance de se redimir.

Amanhã eu confiro pela primeira vez, o trabalho dos ex-Jane's Addiction Dave, Stephen & Chris associado a Steve Isaacs. O Panic Channel se apresenta em SanFran e o show promete. Meu kit EUVOU já está na mão e depois conto como foi. Vai faltar conferir o que o Mr.Farrell anda aprontando com seu Satellite Party...

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PROTESTO-NO-CALOR-DA-HORA-SEM-ME-PREOCUPAR-COM-ÉTICA:

Não dá para ficar quieto e não dizer nada sobre a morte do jovem guitarrista recém abatido por marginais. O pior, aconteceu exatamente na porta de entrada do condomínio que eu morava no Rio. Me sinto estranho, como se tivesse alguma culpa. Na verdade, todos temos. Não era um big fan do Detonautas e muito menos conhecia a fundo o trabalho do musicista, mas não só por respeitar essa safra rara, aparecendo cada vez menos no cenário da música brasileira e por trabalhar com rádio FM, além disso tudo, o cara era do bem. Jovem, músico e do bem. Do outro lado, vagabundos roubando para encher o nariz de pó. Ninguém vai me convencer com histórias de Robin Hood. A história é simples e cruel: roubar de quem tem para satisfazer o vício de quem não quer nada. E quando eu digo que a culpa é de todos nós, me perdoem os pacifistas de plantão, mas é porque chegou a hora de encarar a verdade nua e crua de que nenhuma autoridade (cada vez mais incompetente) vai fazer nada por ninguém. Nos idos de 60 & 70 colocou-se as mãos em armas contra a ditadura. Mudou o inimigo. É hora do olho-por-olho. Não caçar o responsável pela morte de um Nettinho ou do aleijamento de um Yuka, mas o de se comprar a briga do cidadão ao seu lado. Ainda que com sangue. Se os Vigilantes se multiplicassem e as pessoas andassem com um 38 no coldre de pé, a bandidagem pensaria duas vezes antes de tentar de meter uma bala na testa em troco de "dez real". A Unesco falhou. O Estado peidou. É hora de defender o quintal de casa com unhas e dentes antes que falhe também o seu coração depois de ser invadido por um metal barato e denso de calibre qualquer.

Tudo escuro
Tudo em volta é muro
E a sombra de um futuro
Que já não se sabe mais como parar

Todos fogem
E quase niguém se comove
Correndo pra se esconder
Sem coragem pra voltar e ajudar

Será que quem puxa o gatilho
Vê que são pais, irmãos e filhos
Que já não sabem mais dizer
De que lado o mal está

Se está em frente
Ou por todos os lados
Seguimos todos calados
E ninguém sabe mais rezar

Do morto se sabe pouco
Do rosto, que é como os outros
Da vida, que o preço era baixo
Do sangue, que secou no asfalto
Da sina que era de morte
Da morte, que foi violenta
E só se vê a diferença
Na profundeza do corte

(O Muro, Herbet Viana - O Som do Sim - Feat.Black Alien)