sexta-feira, outubro 19, 2007

Zé Pickles, General Barone & Mr. Lino

segunda-feira, outubro 08, 2007

FREE CHEWBACCA!

Uma das coisas mais engracadas que ja vi no Youtube...

quinta-feira, outubro 04, 2007

Entendendo de Rolê (sem preconceito)



Sexta-feira passada fui assistir ao show da polêmica banda curitibana Bonde do Rolê, no The Independent em San Francisco, California. Levei quase uma semana para escrever essa resenha e porquê? Porque precisava digerir o fenômeno. Foi complicado para minha cabecinha multime(r)dia entender o que fazem esses três - pós-adolescentes - lotarem venues no mundo inteiro, numa turnê que leva mais de seis meses, um dia em cada cidade.

Já na fila de entrada, fui abraçado por uma Venezuelana que, ao lado de um namorado da Nova Zelândia (vai vendo o traçado geográfico...), cantavam aos berros parte da música entitulada "James Bond". O Independent comporta cerca de 500 pessoas no estilo general admission. Estava lotado. Em mais de noventa por cento eram pessoas que não conseguiriam ler esse texto por não entender xongas da língua portuguesa. Que estranho, pensei...

O dono das batidas eletrônicas e DJ do grupo, Rodrigo Gorky sobe ao palco, com a mesma calça jeans e camiseta que havia chegado minutos antes, pela porta de frente, vindo da melhor lojas de CD da cidade, a famosa Amoeba e checa sua parafernália sonora composta de um laptop e um mixer. A primeira do setlist eu não conhecia. Começava com um solo de guitarra (Dança do Zumbi) estridente e que era a deixa para Pedro D'Eyrot e Marina Ribatski assumirem sua postura de MCs no palco. Ooops, problemas técnicos! Banho de água fria logo na primeira música. Público gringo não gosta disso, temi. Play it again, Sam! O mesmo solo de guitarra, o Bonde recomeça a pular e com eles o público. Bzzz! Outro pau no sistema de som, dessa vez na segunda música. Enquanto DJ Gorky ajudado por dois engenheiros de som resolvem o problema, Marina tem a função de entreter o público, já que, público gringo não gosta disso. Eles ensinam palavras chaves do nosso vocabulário a platéia que parece se entrosar, repetindo no microfone substantivos chulos que é melhor não registrar aqui. Para zoar, o menino Pedro traz ao palco um desentupidor de privadas, desses de cabo de madeira e começa a gesticular em cima do laptop recém consertado, satirizando até mesmo a própria tecnologia do Bonde. É nessa hora que um tsunami de água de privada desaba sobre o laptop que parece finalmente falecer sem esperanças, frente a desesperada cara do DJ Gorky. Quinze minutos se passaram, o show recomeçou três vezes e o público gringo, parece que agora aprendeu a gostar disso. Uma hora e pouco de show, com exigência de bis pela platéia.

O ponto em que se quer chegar é entender porque dezenas de milhares de pessoas, da América do Norte ao Japão, lotam casas de show para assistir esse espetáculo, muito em parte circense, enquanto no Brasil, as críticas negativas ao grupo são cada vez mais frequentes. São versos de pura baixaria, sim, um lixo, mas e daí? Eu me permito gostar de Led Zeppelin, Ed Motta, Bauhaus,... e Bonde do Rolê. Que tal optar falar dos beats contagiantes do grupo que sacodem até a cultura mais distante? O grande público internacional do Bonde do Rolê não faz a mínima idéia o que Marina quer dizer com "...antes de dar o edí eu jurava que era crente...", mas canta de uma maneira original e dança como um funkeiro profissional. E se soubesse o que estava cantando, a diversão seria em dobro, porque convenhamos, a coisa é engraçada! As letras de "OfficeBoy", "Gasolina" e "Geremia" são um achado.

É possível que lotem meu inbox de mensagens descordando minha opinião sobre o Bonde, mas é preciso digerir, como eu, o fenômeno que arrebada a bola global há dois anos. Tem gente que chora até hoje quando escuta falar de Mamonas Assassinas. Tati Quebra Barraco fez lipo, colocou peito e virou cult. O funk carioca é maneiro e tal, mas... Ficou chato! Ninguém precisa escutar sobre um cardápio de armas ou decorar os nomes de todas as favelas do Rio para melhorar o astral do dia. O Bonde tem essa magia. Existe comunidade no Orkut chamada "Bonde do Rolê é Meu Prozac". Não se faz necessário tatuar o nome da banda no corpo, rodinhas de violão ou passetas do tipo "o Bonde é meu pastor", mas entre o oito e o oitenta, faça o teste: acorde cedo para trabalhar e com volume alto no seu carro, mp3 player ou coisa parecida, saia por aí cantarolando versos de "Jaboticaba". E não impeça seu corpo de dançar involuntariamente, rendendo-se a esse pancadão sem compromisso ou pretensão.


Vida longa ao rolê desse bonde!